O Cerrado brasileiro, considerado o segundo maior bioma da América do Sul, ocupa aproximadamente 22% do território nacional. Embora muitas vezes ofuscado pela fama da Amazônia, ele abriga uma das maiores biodiversidades do planeta. Nesse contexto, conhecer os animais do Cerrado é essencial para valorizar e proteger esse patrimônio natural único.

Ao longo deste artigo, você vai descobrir espécies fascinantes, entender seu papel ecológico e perceber os desafios que enfrentam para sobreviver. A cada parágrafo, ficará mais evidente a urgência de preservar esse ecossistema tão ameaçado.

Onde fica o Cerrado Brasileiro?

O Cerrado se estende principalmente pela região Centro-Oeste do Brasil, abrangendo os estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No entanto, ele também avança por partes significativas das regiões Sudeste (Minas Gerais, São Paulo), Nordeste (Bahia, Maranhão, Piauí) e até por pequenas porções da região Norte. Ao todo, o bioma cobre 11 estados brasileiros e o Distrito Federal, sendo essencial para a manutenção das bacias hidrográficas do país. Devido à sua vasta extensão e diversidade de paisagens, o Cerrado abriga uma fauna altamente adaptada às variações de clima, solo e vegetação.

A surpreendente diversidade do Cerrado

À primeira vista, o Cerrado pode parecer seco e até sem vida. No entanto, essa percepção está longe da realidade. O bioma abriga mais de 250 espécies de mamíferos, cerca de 850 aves, além de centenas de répteis, anfíbios e insetos. Essa diversidade só é possível graças à variedade de habitats presentes no Cerrado, como campos abertos, matas de galeria, veredas e cerradões.

Além disso, muitas espécies são endêmicas, ou seja, não existem em nenhuma outra parte do mundo. Isso reforça a importância de sua conservação, não apenas em nível nacional, mas global.

Lobo-guará: o vigilante solitário do Cerrado

Entre os habitantes mais conhecidos do bioma está o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). Alto, de pelagem avermelhada e pernas longas, esse canídeo se adapta perfeitamente ao ambiente aberto do Cerrado. Por ser um animal solitário e de hábitos noturnos, é raro vê-lo durante o dia.

Além de predador, o lobo-guará é também um importante dispersor de sementes, especialmente da fruta lobeira, que compõe grande parte de sua dieta. Por outro lado, ele enfrenta sérias ameaças, como atropelamentos em rodovias e doenças transmitidas por cães domésticos.

Tamanduá-bandeira: força e sensibilidade

Outro morador emblemático é o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), conhecido por seu focinho longo e pelagem marcante. Alimenta-se basicamente de formigas e cupins, utilizando sua língua comprida e pegajosa para capturá-los com eficiência.

Apesar da aparência tranquila, o tamanduá possui garras poderosas e sabe se defender quando necessário. Entretanto, sua população tem diminuído em função do desmatamento, dos incêndios e da perda de habitat natural.

Arara-azul-grande: beleza ameaçada

As araras-azuis (Anodorhynchus hyacinthinus) encantam com sua plumagem vibrante e comportamento social. Vivem em bandos, formando casais duradouros e cuidando juntos da prole. Além disso, são extremamente inteligentes e comunicativas.

Contudo, essas aves já estiveram à beira da extinção. O tráfico ilegal e a destruição dos buritizais onde nidificam comprometeram sua sobrevivência. Graças a esforços de conservação, sua população tem se recuperado em algumas regiões, embora o risco ainda exista.

Onça-pintada: a soberana dos predadores

A onça-pintada (Panthera onca) também marca presença no Cerrado. Apesar de mais associada à Amazônia, esse felino de grande porte encontra abrigo nas matas mais fechadas do bioma. Caçadora experiente, ela controla populações de outras espécies, desempenhando papel crucial no equilíbrio do ecossistema.

Porém, a fragmentação do território dificulta sua reprodução e aumenta os conflitos com fazendeiros. Em muitos casos, a onça acaba sendo morta para proteger o gado, agravando ainda mais sua situação.

Tatu-canastra: o escavador gigante

Menos conhecido, mas igualmente fascinante, o tatu-canastra (Priodontes maximus) é o maior tatu do mundo. Pode pesar mais de 50 quilos e escava tocas profundas, onde se refugia durante o dia. Suas escavações ajudam a oxigenar o solo e criam abrigos para outras espécies menores.

Infelizmente, esse animal solitário está entre os mais ameaçados do Cerrado. A caça e o avanço agrícola são os principais vilões de sua história.

Seriema: a sentinela dos campos

A seriema (Cariama cristata) é uma ave típica das regiões abertas do Cerrado. Com seu canto estridente e pernas compridas, é facilmente avistada caminhando pelos campos. Embora saiba voar, prefere correr e saltar para fugir de predadores.

Além disso, alimenta-se de pequenos animais, como lagartos e cobras. Mesmo não estando ameaçada, sofre com a destruição de seu habitat e com atropelamentos em estradas rurais.

Veado-campeiro: leveza e agilidade

O veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus) é um dos herbívoros mais comuns do Cerrado. De porte médio e coloração amarelada, camufla-se com facilidade entre as gramíneas. Vive em grupos pequenos e está sempre atento a predadores.

Embora pareça abundante, sua população tem diminuído devido à caça e à substituição do Cerrado por pastagens e lavouras. Sem áreas livres para correr, o animal torna-se vulnerável.

Répteis e insetos: pequenos grandes protagonistas

Além dos grandes mamíferos e aves, o Cerrado é rico em répteis, como a jiboia (Boa constrictor), o teiú (Salvator merianae) e o lagarto papa-vento. Insetos como besouros, borboletas e abelhas também desempenham funções essenciais na polinização e no controle biológico.

De fato, esses animais, muitas vezes ignorados, são vitais para o equilíbrio ecológico. No entanto, a pulverização de agrotóxicos tem causado a morte de muitas espécies, comprometendo serviços ambientais importantes.

Outros Habitantes desse local lindo e surpreendente: Anta, Ariranha, Jaguatirica, Calango, Onça Parda, Paca…

A destruição silenciosa do Cerrado

Embora sua importância ecológica seja inquestionável, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofre com o desmatamento. A expansão agrícola, a pecuária intensiva e as queimadas reduzem drasticamente as áreas naturais.

Nesse sentido, a fragmentação das paisagens não apenas isola populações de animais, como também afeta a qualidade da água, do solo e do ar. Em contrapartida, pouco se fala sobre sua preservação na mídia e nos debates ambientais.

O que você pode fazer?

Felizmente, existem formas de ajudar os animais do cerrado. A seguir, listamos algumas atitudes simples que fazem diferença:

  • Apoiar ONGs e projetos de conservação locais;
  • Preferir alimentos produzidos sem desmatamento;
  • Denunciar crimes ambientais;
  • Evitar produtos ligados à destruição do Cerrado;
  • Compartilhar informações para ampliar a conscientização.

Conclusão

Em resumo, o Cerrado é um bioma rico, diverso e cheio de vida. Seus animais — do imponente lobo-guará à discreta seriema — formam uma teia ecológica complexa e interdependente. No entanto, sem ações concretas de preservação, muitas dessas espécies podem desaparecer.

Por fim, lembrar que a proteção do Cerrado não é apenas uma questão ambiental, mas também de responsabilidade social, econômica e cultural. A natureza precisa de aliados — e nós podemos ser um deles.


Uma resposta para “Animais do Cerrado : A Savana Brasileira (Série Biomas Brasileiros)”

  1. […] os Pampas funcionam como uma zona de transição entre outros biomas, como a Mata Atlântica e o Cerrado. Essa posição geográfica favorece a diversidade de espécies, tanto residentes quanto […]