Quando falamos sobre a fauna brasileira, é comum que animais mais conhecidos, como a onça-pintada ou o mico-leão-dourado, ganhem os holofotes. No entanto, há um animal igualmente importante, embora ainda pouco valorizado: o saruê. Também chamado de gambá brasileiro, esse pequeno marsupial do Brasil desempenha um papel essencial na natureza — especialmente em ambientes urbanos. Neste artigo, você vai descobrir por que esse animal merece respeito, cuidado e preservação.
O que é o Saruê?
Em primeiro lugar, é importante entender quem é esse curioso animal. O saruê, conhecido cientificamente como Didelphis albiventris, pertence à família dos marsupiais, assim como os cangurus e coalas. Ou seja, as fêmeas possuem uma bolsa abdominal (chamada de marsúpio), onde os filhotes completam seu desenvolvimento após o nascimento.
Visualmente, o saruê pode ser confundido com um rato grande, o que contribui para sua má reputação. No entanto, sua pelagem é cinza com manchas claras, sua cauda é longa e sem pelos, e suas orelhas arredondadas o tornam facilmente reconhecível por quem já conhece a espécie. Além disso, essa cauda serve como apoio para subir em árvores ou carregar materiais para ninhos.
Onde Vive o Saruê?

Outro ponto interessante é que o saruê é um animal silvestre urbano muito adaptável. Originalmente habitante de florestas, ele se adaptou às regiões rurais e urbanas com facilidade. Atualmente, é comum encontrá-lo em áreas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
Nas cidades, ele costuma viver em forros de casas, terrenos baldios, galpões e locais com vegetação. Como é uma espécie noturna, raramente é visto durante o dia. No entanto, sua presença pode ser percebida por ruídos ou pela busca por alimentos próximos às residências.
O Saruê é Perigoso?
Essa é uma dúvida frequente entre moradores de áreas urbanas: afinal, o saruê é perigoso? A resposta é não. Em geral, ele é um animal pacífico e prefere fugir do que enfrentar uma ameaça. Em momentos de estresse, pode emitir sons, arreganhar os dentes ou até se fingir de morto — um comportamento defensivo chamado tanatose.
Apesar de, como qualquer animal silvestre, poder carregar parasitas, o gambá brasileiro não representa um risco direto à saúde humana. Muito pelo contrário: ele contribui para o controle natural de pragas, pois se alimenta de baratas, escorpiões, ratos e até carrapatos.
A Importância do Saruê para o Meio Ambiente

Portanto, ao contrário do que muitos pensam, o saruê não é um incômodo, mas sim um aliado da natureza — inclusive nas cidades. Além de controlar populações de animais considerados pragas, ele também se alimenta de frutas e ajuda a dispersar sementes, o que favorece a regeneração de áreas verdes e o equilíbrio ecológico.
Dessa forma, o saruê contribui ativamente para manter o ambiente mais saudável, funcionando tanto como predador quanto como presa dentro da cadeia alimentar. Mesmo assim, ele ainda é alvo de violência, envenenamento e desinformação. A falta de conhecimento sobre sua função ecológica é um dos principais fatores que ameaçam sua sobrevivência.
As Maiores Ameaças à Vida do Saruê
Apesar de sua grande adaptabilidade, o saruê enfrenta diversas ameaças que colocam sua vida em risco diariamente. Em primeiro lugar, a ação humana é uma das principais causas da redução populacional da espécie. Muitas pessoas, por medo ou falta de informação, acabam matando o animal ao encontrá-lo. Além disso, o avanço do desmatamento e da urbanização tem diminuído drasticamente o habitat natural do saruê, o que o obriga a viver cada vez mais próximo das áreas urbanas. Isso o expõe a atropelamentos, envenenamentos e ataques de cães domésticos. Por fim, a presença de lixo e poluição compromete sua saúde e acesso a fontes seguras de alimentação. Por esses motivos, a preservação do saruê deve ser encarada como prioridade na proteção da fauna brasileira urbana.
O Que Fazer ao Encontrar um Saruê?
Se você encontrar um saruê em sua casa ou quintal, o mais importante é manter a calma. Não tente capturá-lo ou machucá-lo. Observe se ele está ferido ou em risco. Em caso de necessidade, acione os órgãos ambientais ou centros especializados em reabilitação de animais silvestres.
Além disso, há medidas simples que você pode adotar para evitar a presença do saruê onde vive:
- Armazene bem o lixo orgânico;
- Não deixe restos de comida ou ração expostos;
- Vede buracos em forros ou telhados;
- Mantenha o quintal limpo e sem entulho.
Essas ações ajudam a proteger tanto sua casa quanto o próprio animal, que está apenas em busca de abrigo e alimento.
Convivência e Educação Ambiental
Por fim, é fundamental destacar que a educação ambiental é a melhor ferramenta para mudar a forma como enxergamos o saruê. Através da informação e da conscientização, podemos combater mitos e preconceitos que cercam esse importante marsupial.
Aprender a conviver com os animais silvestres urbanos é uma necessidade crescente, principalmente em tempos de crescimento populacional e diminuição de áreas verdes. O saruê é um excelente exemplo de como a natureza ainda tenta se adaptar ao nosso ritmo, e cabe a nós retribuir com respeito e responsabilidade.
